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Física na Veia

A dança do Sol e as estações do ano

Prof. Dulcidio Braz Júnior

23/12/2017 10h45

Comparativo das posições reais do nascer do Sol em 21/06/2017 (solstício),  22/09/2017 (equinócio) e
21/12/2017 (solstício)

 

Resolvi, em meados deste ano, que registraria o nascer do Sol nos solstícios (de inverno e de verão) e também no equinócio (de primavera). E o faria daqui da janela do meu apartamento em São João da Boa Vista, interior de São Paulo, bem perto da divisa com o sul de Minas Gerais. Do terceiro andar, tenho vista privilegiada da serra com centro bem no ponto cardeal leste (L), excelente para observar o Sol nascente.

Missão cumprida! O resultado você confere na fotomontagem acima. Note que usei o coqueiro (esquerda) como ponto de referência. E por isso o leste (L) não está exatamente no centro da imagem panorâmica feita com o celular.

A ideia dos registros fotográficos é mostrar de forma didática (e experimental) o que prevê a teoria: o Sol não nasce todos os dias exatamente no ponto cardeal leste (L), embora muita gente afirme que sim. Somente nos chamados equinócios (de outono e de primavera) o Sol desponta exatamente a leste (L). Nos demais dias o nascer do Sol ocorre ao redor do leste (L), deslocado para a esquerda, a rigor para o norte (N), ou para a direita, a rigor para o sul (S).

Como você pode conferir na fotomontagem, no início do inverno aqui no hemisfério sul, data que chamamos de solstício de inverno, o Sol nasceu em seu máximo deslocamento para o norte (N). No equinócio de primavera (e também no de outono, não registrado), o Sol deve ascender no horizonte exatamente no ponto cardeal (L). No solstício de verão, início do verão ao sul do equador, o Sol surgiu logo de manhã em seu máximo deslocamento para o Sul (S).

Tal dança solar, que também ocorre do lado oposto, ou seja, a oeste, ao final do dia e quando o Sol se põe, deve-se ao fato de que a Terra, enquanto orbita o Sol, mantém o seu eixo sempre com a mesma inclinação em relação ao plano orbital. Desta forma, para um observador fixo na Terra, fica a impressão de que é a trajetória aparente do Sol que sofre deslocamento. E isso provoca insolação diferencial nos dois hemisférios do nosso planeta, o que justifica a existência de diferentes estações do ano.

Todo dia, logo de manhã, quando saio para o trabalho, observo a posição do Sol nascente. É hábito. O bamboleio do nascer do Sol ao redor do leste é para mim algo tão natural quanto o oxigênio que respiro. Mas aposto que a maioria das pessoas nem se dá conta deste fato notável. E você? Já fez esse tipo de observação? Se nunca o fez, faça. Observe o nascer (ou o por do Sol) ao longo de meses. Você vai se surpreender com a mudança de posição aparente da nossa estrela!

A imagem abaixo é uma simulação em computador mostrando os dois solstícios e os dois equinócios no período de um ano. Em março do ano que vem vou tentar registrar fotograficamente o nascer do Sol no solstício de outono para compor fotomontagem completa, como a da simulação.

A "dança" do Sol nascente (simulação em computador)

 

Curiosidades

A palavra solstício significa "Sol parado". E tem tudo a ver! Nos solstícios o Sol "para" o seu movimento relativo de afastamento aparente em relação ao ponto cardeal leste para começar movimento oposto, ou seja, de aproximação com o ponto cardeal leste. No solstício de inverno temos a noite mais longa do ano. No solstício de verão, ao contrário, o dia mais longo.

E, quando o Sol,  em sua dança das estações, nasce "passando" exatamente pelo leste, temos dias e noites de igual duração. São os equinócios. A palavra equinócio, que trás o prefixo "equi" (de igual) tem exatamente este significado.

Gostou do tema? Neste post discuto de forma mais profunda a existência das quatro9 estações do ano. Os links abaixo chamam outros posts nos quais o assunto também é discutido.  Divirta-se!

Ah… uma perguntinha básica

Como os terraplanistas explicam essa dança do Sol em torno da "Terra pizza"?

 


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Sobre o autor

Dulcidio Braz Jr é físico pelo IFGW/Unicamp onde atuou como estudante e pesquisador no DEQ – Departamento de Eletrônica Quântica no final dos anos 80. Mas foi só começar a lecionar física para perceber que seu caminho era o da educação. Atualmente, além de professor, é autor de material didático pelo Sistema Anglo de Ensino / Somos Educação e pela Editora Companhia da Escola. É pioneiro no Brasil no ensino de Relatividade, Quântica e Cosmologia para jovens estudantes do final do ensino médio e início do curso superior. E faz questão de dizer que, aqui no blog, é professor/aluno em tempo integral pois, enquanto ensina, também aprende.

Sobre o blog

"O Física na Veia! nasceu em 2004 para provar que a física não é um “bicho papão”. Muita gente adora física. Só que ainda não sabe disso porque trocou o conteúdo pelo medo. Se começar a entender, vai gostar. E concordar: a Física é pop! Pelo seu trabalho de divulgação científica, especialmente em física e astronomia, sempre tentando deixar assuntos árduos mais leves sem jamais perder o rigor conceitual, o Física na Veia! foi eleito por um júri internacional como o melhor weblog do mundo em língua portuguesa 2009/2010 pelo The BOBs – The Best of Blogs da alemã Deutsche Welle."