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Passagem Periélica da Terra

Prof. Dulcidio Braz Júnior

03/01/2019 21h10

A Terra e o Sol (Fonte: Pixabay)

 

A órbita da Terra ao redor do Sol não é circular, você sabe. A Terra, em seu movimento de translação ao redor do Sol, segue uma trajetória oval conhecida tecnicamente como elipse. E o Sol, nossa estrela, está posicionado num dos focos desta elipse. Aliás, esta ideia, generalizada para os outros planetas, corresponde exatamente à primeira Lei de Kepler ou Lei das Órbitas que afirma

As órbitas dos planetas do Sistema Solar são elípticas com o Sol posicionado num dos focos

 

Sendo assim, com o Sol numa posição excêntrica, ou seja, fora do centro, a distância de qualquer planeta ao Sol , incluindo a Terra, varia entre um valor mínimo e outro valor máximo enquanto o planeta completa a sua translação. Confira na imagem a seguir.

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As distâncias mínima (dmín) e máxima (dmáx) de um planeta ao Sol

 

Johannes Kepler (1571-1630) chamou de periélio o ponto de máxima aproximação do planeta com o Sol e, fazendo contraponto, de afélio, o ponto orbital mais distante da nossa estrela.

Exatamente hoje, às 5h20min (UTC) ou 3h20min (horário de Brasília), segundo o astrônomo Irineu Varella, a Terra passou pelo periélio. Confira esta informação em um dos seus famosos e bastante didáticos Astrocards.

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Astrocard de autoria do astrônomo Irineu Varella (Fone: Facebook)

 

Não é por conta desta aproximação que a temperatura ambiente anda tão alta! Aqui no Brasil, em em todo o hemisfério sul do planeta, estamos em pleno verão, época de temperaturas altas. No hemisfério norte, onde é inverno, as temperaturas estão baixas em regiões que estão sobre o mesmo planeta e, portanto, praticamente à mesma distância do Sol.

O que provoca as estações do ano é a inclinação do eixo da Terra em relação ao plano orbital, o que faz com que a quantidade de luz solar que atinge o globo terrestre em cada época do ano varie nos dois hemisférios. Neste post explico melhor a ideia.

Como a órbita da Terra é uma elipse muito pouco ovalada (a rigor pouco excêntrica), como você pode conferia na lustração abaixo, a passagem da Terra pelo periélio não representa uma aproximação tão significa em relação ao Sol tanto quanto, analogamente, a passagem do nosso planeta pelo afélio não corresponde a um afastamento tão significativo da nossa estrela.

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As distâncias mínima (dmín) e máxima (dmáx) da Terra, em órbita pouco excêntrica, ao Sol

 

Na prática, no "olhômetro", nem chegamos a perceber diferença aparente do tamanho do Sol por conta da aproximação ou do afastamento da Terra.

Para que você tenha uma noção quantitativa, a distância média Sol-Terra é de cerca de 150 milhões de quilômetros. No periélio, como hoje, cai para dmín = 147 milhões de quilômetro e no afélio cresce para dmáx = 152 milhões de quilômetros.

Daqui a 6 meses, no dia 4 de julho, a Terra terá a sua passagem pelo afélio, em pleno inverno no hemisfério sul (e verão no hemisfério norte da Terra).

Vale ressaltar também que, como a força gravitacional atrativa trocada entre o Sol e a Terra depende do inverso do quadrado da distância entre os centros dois dois astros, quando a Terra se aproxima do Sol, para não cair nele, tem velocidade maior. No afélio, pelo contrário, velocidade menor. Sendo assim, nosso planeta passa seis meses acelerando e outros seis brecando. A velocidade média da Terra ao redor do Sol é de cerca de 30 km/s. E ela cresce/decresce muito pouco entre o periélio e o afélio, variando entre Vmín = 29,3 km/s no afélio e Vmáx = 30,2 km/s  no periélio.

Não sentimos aceleração/desaceleração do nosso planeta porque a variação de 30,2 – 29,3 = 0,9 km/s demora seis meses para ocorrer. Graças a gravidade, seguimos solidários ao planeta, literalmente nele grudados, viajando de boa, e sem solavancos.

 

Abraço do prof. Dulcidio. E Física na veia!

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Este texto também foi publicado no Física na Veia! (no Steemit) neste link.

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Sobre o autor

Dulcidio Braz Jr é físico pelo IFGW/Unicamp onde atuou como estudante e pesquisador no DEQ – Departamento de Eletrônica Quântica no final dos anos 80. Mas foi só começar a lecionar física para perceber que seu caminho era o da educação. Atualmente, além de professor, é autor de material didático pelo Sistema Anglo de Ensino / Somos Educação e pela Editora Companhia da Escola. É pioneiro no Brasil no ensino de Relatividade, Quântica e Cosmologia para jovens estudantes do final do ensino médio e início do curso superior. E faz questão de dizer que, aqui no blog, é professor/aluno em tempo integral pois, enquanto ensina, também aprende.

Sobre o blog

"O Física na Veia! nasceu em 2004 para provar que a física não é um “bicho papão”. Muita gente adora física. Só que ainda não sabe disso porque trocou o conteúdo pelo medo. Se começar a entender, vai gostar. E concordar: a Física é pop! Pelo seu trabalho de divulgação científica, especialmente em física e astronomia, sempre tentando deixar assuntos árduos mais leves sem jamais perder o rigor conceitual, o Física na Veia! foi eleito por um júri internacional como o melhor weblog do mundo em língua portuguesa 2009/2010 pelo The BOBs – The Best of Blogs da alemã Deutsche Welle."