Unicamp de Portas Abertas
Aconteceu ontem, em 10 de setembro, a edição 2016 da UPA – Universidade de Portas Abertas da Unicamp – Universidade Estadual de Campinas, evento anual oficial que funciona como vitrine das atividades da universidade para a comunidade em geral e, muito especialmente, para os estudantes do ensino médio que em breve terão que passar pela prova de fogo do vestibular e por outra prova ainda mais árdua: a escolha da carreira.
Aproveitei que tinha vários alunos do Anglo São João¹ interessados em conhecer a Unicamp mais de perto e peguei carona num dos dois ônibus lotados de gente jovem e com brilho no olho.
Por razões que imagino não sejam necessárias explicações, concentrei-me nas atividades do IFGW – Instituto de Física "Gleb Wataghin". Mas todos os institutos da universidade, representandos por seus inúmeros departamentos, estavam literalmente abertos e preparados para receber os interessados em saber mais sobre os cursos oferecidos e sobre todas as demais atividades acadêmicas.
Fazia muito tempo que eu não ia na UPA que existe desde os anos 80 do século passado quando fui estudante da Unicamp (nossa! isso parece tão distante… mas são apenas três décadas…). E devo confessar que fiquei bastante surpreso com o notável upgrade tanto na qualidade do conteúdo quanto na organização do evento que tem até aplicativo para celular para ajudar os visitantes a se orientarem no oceano de possibilidades oferecidas dentro do campus. Infelizmente o aplicativo ainda não roda no meu Windows Phone. Mas aposto que em breve isso será resolvido pelos cientistas da computação da universidade.
No final da visita, por volta das 16 h, quando reencontrei os alunos que se espalharam pelo campus em busca das diferentes informações nas mais diversas áreas acadêmicas, perguntei a eles "E aí, como foi?". Felizes, responderam de forma unânime: "Valeu a pena!".
Se você é professor e ainda não conhece a UPA, fique atento! O evento acontece anualmente, sempre no começo de setembro. Logo no início de agosto, na volta às aulas depois das férias de inverno, as informações detalhadas já ficam disponíveis no site oficial do evento. Monte uma caravana de estudantes. E leve-os para conhecer de perto tudo o que a Unicamp oferece e que não é pouco.
Imagens de alguns dos inúmeros eventos do IFGW na UPA 2016
No IFGW, palestras "escolhidas" a dedo têm a finalidade de ajudar os estudantes a entenderem o que se faz em Física de alto nível atualmente. Nos demais institutos, palestras de outras áreas acadêmicas cumprem a mesma função.
Em 1959, Richard Feynman, que seria laureado pouco mais adiante com o Nobel de Física em 1965, já anunciava que "há muita coisa lá embaixo" referindo-se à escala das moléculas e dos átomos. No IFGW a pesquisa em Nanotecnologia é de alto nível e acompanha tudo o que se faz de ponta no mundo todo.
Pouca gente tem clara a ideia de como a Física e a Medicina são parceiras. Desde a descoberta dos raios X, no final do século XIX, e que permitiram investigar o interior do corpo humano de forma não invasiva, até as técnicas atuais de realização de diagnósticos por imagem que passam pela Ultrassonografias Doppler e pela Ressonância Magnética, dentre outras, até chegar às formas modernas de combate ao câncer pela Radioterapia que usa radioisótopos para destruir as células malignas, Física e Medicina vêm caminhando juntas. O IFGW tem um curso de Física Médica com um diferencial importante: um quinto ano de estágio garantido dentro do Hospital das Clínicas da Unicamp onde o graduando passará por todas as áreas de interesse antes do período de residência propriamente dito.
O que faz um físico? Em que áreas pode atuar? Como é o curso de Física oferecido pelo IFGW? Que modalidades ele possui? Que diferenciais ele oferece aos estudantes? Em que áreas de pesquisa atua o IFGW? (…) Diante de tantas dúvidas, o coordenador de graduação foi pessoalmente ao evento para falar aos estudantes. E o anfiteatro ficou pequeno, com gente em pé ou sentada no chão dos corredores.
Uma das modalidades do curso de Física do IFGW é a Engenharia Física. Como o nome sugere, trata-se de um curso híbrido que, embora seja de formação de físicos, leva os estudantes a transitarem por disciplinas da engenharia. A ideia é formar um profissional com grande conhecimento básico de Física e de Matemática mas que também tenha desenvolvidas habilidades da área da Engenharia. Para explicar como é esse curso que, nos Estados Unidos é centenário mas que no Brasil ainda dá os primeiros passos, o coordenador da Engenharia Física palestrou para os estudantes. E deixou clara a importância da formação desse profissional no mercado de trabalho do mundo moderno. Fiquei com vontade de voltar para as salas de aula da graduação!
Encerrando o ciclo de palestras, uma apresentação de Óptica recheada de ideias e experimentos divertidos realizados pelo consagrado prof. Dr. José Lunazzi. Desde o ano passado, por ocasião daquela edição da UPA, prof. Lunazzi mantém aberta a exposição "Veja a Luz Como Nunca Viu" que apresentei em detalhes nesse post aqui no blog. Vale a pena! Ele levou um pouquinho dela para o anfiteatro do IFGW.
Se você consultar a programação da UPA no IFGW vai notar que "perdi" a primeira palestra. Motivo: alunos famintos que madrugaram e quiseram parar para comer antes de chegar em Campinas. O que não fazemos por essa molecada?! Por isso não tenho imagens da palestra "Além de imã de geladeira: as aplicações escondidas do magnetismo" proferida pela profa. Dra. Fanny Berón e que, já pelo título, me faz acreditar que deve ter sido bastante divertida e com informações "quentes" nessa área tão presente no nosso cotidiano mas quase sempre "escondida" como, por exemplo, nos dispositivos de armazenamento magnético de informação (hard disks, ou simplesmente HDs) fundamentais para o funcionamento dos nossos computadores.
Além das palestras, e ratificando que "Física sem experimento não tem graça", frase que o prof. Dr. Lunazzi repete incansavelmente e que reflete uma inquestionável verdade sobre essa área tão importante da Ciência, além do "Show de Física" (veja foto lá no topo do post), repetido de hora em hora em frente ao IFGW, a céu aberto, inúmeros laboratórios abriram as suas portas para os visitantes.
Um aspecto muito bacana e bastante positivo da UPA e que merece destaque é que alunos de graduação e de pós graduação atuam de forma voluntária como guias dos estudantes visitantes até os respectivos espaços onde ocorrem as diversas atividades além de apresentarem os experimentos. Nesse momento os estudantes visitantes também têm a oportunidade de interagir com os atuais alunos da instituição e, com eles, tirar dúvidas sobre a vida acadêmica de uma forma mais pessoal. Tão logo pisei no IFGW tive o prazer de reencontrar Vitor Barroso Silveira, ex aluno do ensino médio que em 2016 está concluindo a graduação em Física na Unicamp e que estava lá trabalhando na UPA. Na imagem abaixo você confere uma aluna de mestrado que apresentava experimentos aos visitantes no Laboratório Didático de Óptica.
E até andando pelos corredores do IFGW era possível topar com um ou outro experimento interessante, como esse em que um anel condutor de pessoas de mãos dadas fecha um circuito elétrico para, literalmente, propiciar aos participantes a inesquecível experiência de ser condutor de eletricidade por uma fração de segundo ou, sendo um pouco mais direto, levar um choquinho (ou sustinho) elétrico. De onde vem a energia? De um gerador Van de Graaff, aquela "esfera metálica" que pode ser vista ao centro da foto (tratei em detalhes sobre esse tipo de "gerador" em post do blog, ainda na plataforma antiga).
1 – No Colégio Anglo São João, em são João da Boa Vista, interior de São Paulo, sou professor e coordenador pedagógico. O colégio adota o Sistema Anglo de Ensino no qual também sou autor.
Já publicado no Física na Veia!
- [13/07/2016] Veja a luz como nunca viu
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