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Física na Veia

Hoje teve explosão solar das fortes!

Prof. Dulcidio Braz Júnior

20/12/2014 23h59

SOHO
SOHO CME

Registro da grande explosão feita pelo coronógrafo do SOHO. O Sol, que corresponde à circunferência branca central, está propositalmente obstruído por um anteparo (disco azul escuro) que permite a observação da coroa solar.

 

Nas primeiras horas de hoje, sábado, 20 de dezembro, uma explosão solar considerada bastante intensa chamou a atenção dos cientistas que se dedicam a observar e estudar a nossa estrela. Junto com a intensa radiação eletromagnética, houve ejeção de massa coronal para o espaço.

Medidas da intensidade da radiação permitiram classificar a explosão como X1.8 (confira detalhes dessa escala noutro post).

A luz viaja a quase 300.000 km/s no vácuo e o Sol encontra-se a aproximadamente 150 milhões de km da Terra. Logo, para vir do Sol até nós, a luz demora Δt que pode ser facilmente obtido por

Δt = ΔS/v = 150 000 000 km / 300 000 k/s = 500 s

Como cada minuto tem 60 s, se tivéssemos 480 s teríamos exatos 8 minutos. Logo, 500 s corresponde a 8 minutos e ainda sobram 20 s.

Concluímos, pelos cálculos acima, que o registro da explosão solar feito aqui na Terra aconteceu 8 minutos e 20 segundos depois do fenômeno ocorrer lá no Sol.

A intensa radiação  na faixa do ultravioleta e dos raios X causou ionização nas camadas mais altas da atmosfera da Terra, provocando blackout nas transmissões de rádio na faixa em torno de 10 MHz por mais de duas horas. A atenuação das ondas de rádio foi bem observada principalmente na Austrália e no Pacífico Sul.

Nos próximos dias partículas ejetadas do Sol, que viajam com velocidade bem menor que a da luz no vácuo, devem chegar à Terra provocando o belíssimo fenômeno das auroras (saiba mais sobre auroras nesse outro post)

Explosões solares intensas, da classe X, podem danificar satélites em órbita ao redor da Terra e até mesmo equipamentos eletrônicos na superfície do planeta. Não há até o momento nenhum relato desse tipo de incidente.

Clique aqui e veja vídeo mostrando a intensa explosão feito pelo SOHO – Solar and Heliospheric Observatory (NASA). A foto acima é apenas um frame desse vídeo. Vale observar que o pontinho brilhante que aparece à esquerda do Sol e ligeiramente para baixo é o planeta Mercúrio.

A explosão solar teve origem na região ativa AR2242. Confira aqui a AR2242 bem como outras regiões ativas solares que são grandes agrupamentos de manchas solares em registro do SDO – Solar Dynamics Observatory (NASA).


Já publicado no Física na Veia!

 

 

Sobre o autor

Dulcidio Braz Jr é físico pelo IFGW/Unicamp onde atuou como estudante e pesquisador no DEQ – Departamento de Eletrônica Quântica no final dos anos 80. Mas foi só começar a lecionar física para perceber que seu caminho era o da educação. Atualmente, além de professor, é autor de material didático pelo Sistema Anglo de Ensino / Somos Educação e pela Editora Companhia da Escola. É pioneiro no Brasil no ensino de Relatividade, Quântica e Cosmologia para jovens estudantes do final do ensino médio e início do curso superior. E faz questão de dizer que, aqui no blog, é professor/aluno em tempo integral pois, enquanto ensina, também aprende.

Sobre o blog

"O Física na Veia! nasceu em 2004 para provar que a física não é um “bicho papão”. Muita gente adora física. Só que ainda não sabe disso porque trocou o conteúdo pelo medo. Se começar a entender, vai gostar. E concordar: a Física é pop! Pelo seu trabalho de divulgação científica, especialmente em física e astronomia, sempre tentando deixar assuntos árduos mais leves sem jamais perder o rigor conceitual, o Física na Veia! foi eleito por um júri internacional como o melhor weblog do mundo em língua portuguesa 2009/2010 pelo The BOBs – The Best of Blogs da alemã Deutsche Welle."