AR2192, a mancha solar do tamanho de Júpiter
Surgimento da AR2192 no começo da semana
O Sol anda bastante agitadinho nos últimos dias. E desde o começo dessa semana astrônomos vêm acompanhando o surgimento e a evolução de uma enorme região ativa (ou mancha) solar, a AR2192. Ela tem praticamente o mesmo diâmetro do planeta Júpiter, o gigante gasoso do Sistema Solar. Logo, chamá-la de enorme não é exagero!
O filme acima, feito com imagens capturadas entre 21 e 22 de outubro pelo AIA – Atmospheric Imaging Assembly do SDO – Solar Dynamics Observatory da NASA, mostra a gigante mancha aparecendo na borda oeste do Sol na medida em que a nossa estrela gira. Com a rotação do Sol, a mancha vai ficando cada vez mais "de frente" para o nosso planeta que se torna "alvo fácil" de partículas e radiação caso ocorram explosões solares nessa mancha. Vale lembrar que só nessa semana já foram quase quarenta flares solares provenientes da AR2192: 27 da classe C, 9 da classe M e dois bastantes intensos, da classe X (veja a classificação dos flares solares nesse post).
Hoje a AR2192 está voltada para a Terra e, segundo medidas do seu campo magnético, tem grande potencial para novas explosões. Veja a imagem abaixo, disponível em spaceweather.com, feita pelo HMI – Helioseismic and Magnetic Imager do SDO.
HMI/SDO/NASA
A AR2192, pelo seu tamanho e grande atividade, virou assunto entre os astrônomos profissionais e amadores ao longo dessa semana. Hoje ela é destaque no APOD – Astronomy Pictures os The Day com a bela imagem abaixo feita por Randall Shivak e Alan Friedman.
Randall Shivak/Alan Friedman (Averted Imagination) via APOD/NASA
O que são manchas solares?
Manchas solares são regiões na superfície do Sol com temperatura menor do que a média local e, por isso mesmo, em comparação com a superfície da nossa estrela, parecem ser mais escuras.
As manchas solares apresentam grande concentração de campo magnético. Este campo magnético concentrado aprisiona matéria na forma de plasma, ou seja, gás muito quente e ionizado e eletricamente carregado. Note na imagem acima que podemos perceber as linhas de indução do campo magnético na mancha solar. É algo parecido com as linhas que vemos quando jogamos limalha de ferro nas proximidades de um imã. Só que na mancha solar é o plasma que faz a vez da limalha.
Se as linhas de campo magnético se rompem, matéria pode ser lançada para o espaço em eventos que chamamos de ejeção de massa coronal. Neste caso, inúmeras partículas são arremessadas no espaço e muitas delas podem atingir a Terra. As auroras boreais e austrais resultam da chegada dessas partículas que interagem com a atmosfera terrestre.
Junto com as partículas ejetadas do Sol, temos também radiação de amplo espectro que normalmente vão desde as ondas de rádio até os raios gama, passando pela luz (visível) e pelos raios X.
A quantidade de manchas solares observáveis nos dá uma ideia da atividade solar.
Atualização [29/outubro/2014]
Por conta da rotação da nossa estrela, a AR2192 encontra-se hoje, quarta-feira, na borda leste do Sol. Em mais algumas horas ela vai sumir por trás da nossa estrela. Confira a sua posição na imagem abaixo. Compare com a imagem acima feita no dia 24/outubro, sexta-feira passada.
HMI/SDO/NASA
A AR2192 bem perto da borda leste do Sol
Destaco ainda uma curiosidade: o Sol não gira como um corpo rígido. Por ser gasoso, tem rotação diferencial que depende da latitude. O período de rotação superficial do Sol é de cerca de 25 dias terrestres na região equatorial enquanto que nas regiões polares chega a 36 dias aproximadamente. Suspeita-se que essa rotação também varie com a profundidade das camadas solares.
Para saber mais
Gostou do tema? Saiba mais sobre o Sol e o trabalho incrível do SDO – Solar Dynamics Observatory. Baixe o SDO Guide (PDF, em inglês).
Já publicado no Física na Veia!
[11/04/2013] O Sol "piscou" pra nós
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